segunda-feira, maio 01, 2006

Antas, menires e afins



Que belo dia este, sem chuva nem frio, calor algum, mas não em demasiado, enfim, daqueles dias propícios para uma bela passeata.
E assim foi.
Algures na estrada entre Montemor e Arraiolos deparamo-nos com uma placa a indicar "Menir da Pedra Longa", e lá fomos, em busca desse calhau milenar, por um caminho não tão acidentado como outros que houveramos já percorrido em situações anteriores similares a esta, ou seja, não planeadas e ocasionais.
Alguns quilómetros à frente, não muitos diga-se, uma placa a indicar Herdade da Pedra Longa, o que por si já deixava no ar a sensação de proximidade do monumento para o qual nos dirigiamos. Continuamos já de máquina na mão, e a uma velocidade que nos deixava apreciar a paisagem, e contudo sem pôr em perigo qualquer vaca ou animal menos cumpridor do código da estrada e que se nos atravessasse à frente.
A dado momento vislumbrava-se já um pequeno amontoado de casas, o que das duas uma, ou que por ele teriamos que passar para chegarmos ao nosso destino, ou que já teriamos passado pelo menir, sem por ele ter dado conta. Mas, e para nosso espanto a estrada semi-alcatroada que percorriamos acabava no ínicio desse pequeno amontoado de casas, e no fim dela duas grandes inscrições que a dizer "Propriedade Privada" aconselhavam qualquer pessoa a cautelosamente não prosseguir o seu caminho.
Como gostamos que respeitem o nosso espaço, não seriamos nós certamente a desrespeitar o espaço dos outros, sendo que tristes e desiludidos voltámos para trás, nenhuma outra indicação no caminho de volta foi encontrada que nos levasse ao menir, sendo a conclusão a que chegámos que, das duas uma, ou o tal menir ficaria para lá da tão expressiva indicação de "Propriedade Privada", ou que encontraria-se dentro da Herdade da Pedra Longa, mas de qualquer forma e qualquer que fosse a sua localização, não estaria acessivel para todas as vistas.
Deixo só no ar a questão do porquê da indicação da placa situada à entrada da estrada que supostamente nos levaria a nós, como a qualquer outra pessoa ao menir, que ao que parece não pode ser visitado pelo público em geral, bem como a ausência de mais qualquer informação referente à localização do mesmo. Porventura até poderiamos ter prosseguido além da tal indicação de "Propriedade Privada", e talvez os seus proprietários até nem se importassem, mas sendo a placa que primeiramente nos alertou para a existência do menir, uma daquelas castanhas, que normalmente indicam monumentos, pensámos que se tratava de um local de acesso público, e não sendo, achamos que sem autorização não deveriamos de prosseguir.
Já de outra vez se passou a mesma coisa. No caminho de Montemor para Évora, existe uma placa a indicar a Anta do Zambujal, nessa não foi preciso andar muito, a cem metros da placa lá está outra indicação de propriedade privada, a qual foi reforçada por um local que passava, e que logo nos alertou que não deveriamos prosseguir.
Ao contrário desta experiência, há por exemplo, que fazer notar, a excelente solução que encontramos no menir dos Almendres, que também ao que parece, encontra-se no interior de uma propriedade privada, mas que ou a câmara, ou outra entidade qualquer, ou até mesmo o dono dessa propriedade, construiu um corredor, para aí com dois metros de largura, ladeado com cercas de arame, que acaba no tal menir. Com um pouco de boa vontade tudo se torna possível, pelo menos o tudo que é deste tipo.
Mas bom, lá continuamos o nosso passeio, que acabou com um belíssimo fim de tarde na barragem do Divor, à sombrinha, e com muito ar fresco. ;)